sábado, 26 de dezembro de 2009

Fogueira de Natal 2009


A melhor forma de homenagearmos os nossos antepassados é mantermos as nossas tradições. Para além disso , as tradições são o traço que define a nossa autenticidade. São as tradições que nos definem. Como tal , mantendo vivas as tradições mantemos vivos os desejos dos nossos antepassados.
Dia 24 de Dezembro de 2009 , cumpriu-se mais uma tradição na nossa aldeia. A fogueira de Natal. Desta feita São Pedro resolveu pôr á prova a força de vontade e a determinação de todos, presenteando-nos com uma tarde de chuva. No entanto, a água que caiu não foi suficiente para impedir que a fogueira se fizesse.
Quando a noite começou a cair , já o tradicional "madeiro" ganhava forma no largo da aldeia. Os indefectiveis obreiros do costume, encharcados dos pés á cabeça, faziam um último esforço, para que tudo estivesse pronto antes da meia -noite.







E esteve... como sempre. E todos aqueles que á meia-noite se deslocaram ao largo da aldeia para ver a fogueira não se desiludiram. De igual modo , aqueles que durante toda a tarde , levaram a cabo aquela árdua tarefa, apreciavam agora orgulhosos o fruto do seu trabalho.




E, mesmo aqueles que sempre marcaram a sua presença, mas que por fatídicas razões, estavam pela primeira vez ausentes, foram também lembrados porque mais que nunca estavam presentes.







Como tal, e em nome de todos os que trabalharam para a fogueira de Natal deste ano, esta fogueira foi a nossa singela homenagem a todos aqueles que sempre ajudaram nesta tarefa, mas entretanto infelizmente partiram e só por isso não estiveram junto de nós.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Ribeira do Caldeirão.


Tal como prometido há semanas atrás ( e neste espaço cumprem-se sempre as promessas) aqui ficam as fotos do que faltava ver sobre o percurso da ribeira do Caldeirão. Como já tinha dito , ficou prometido novo regresso ao local para fazer , desta vez, o percurso completo. Devo dizer que desta feita o grau de dificuldade aumentou parcialmente, no entanto acabaria por valer de novo a pena.



Em conversa prévia com algumas pessoas mais antigas na aldeia ficámos a saber da existência na zona de dois poços de profundidade enorme e desconhecida, sendo um deles conhecido como " poço do Inferno". E em verdade, o relato por eles feito , não era exagerado , uma vez que encontrados esses poços e através de experiências com pedras e paus , pudemos facilmente verificar que qualquer um deles possui uma profundidade de meter respeito e na ordem das várias dezenas de metros. A juntar á profundidade, a temperatura gélida da água e a sua cor negra , não convidavam de forma alguma a um mergulho.



Seguimos então caminho , mesmo sem trilho existente , furando por entre giestas e castanheiros até finalmente chegar ao ponto em que a ribeira se une ao rio Mondego. Estava a expedição terminada e nada melhor para a celebrar do que um mergulho colectivo no rio , isto apesar do relógio marcar já 21:oo. E já agora um mergulho no nosso rio numa noite de Verão é também um dos muitos encantos que muito poucos conhecerão, e muito menos aqueles que já terão experimentado.







terça-feira, 4 de agosto de 2009

Festa do Emigrante das Artes e Tradições

Realizou-se em Pêro Soares, no passado domingo , dia 2 de Agosto , a Festa do Emigrante das Artes e Tradições. Uma iniciativa inovadora e inédita na nossa aldeia organizada pela Comissão de Festas de Nossa senhora do Rosário para o ano de 2010.

Esta iniciativa teve como objectivo fundamental demonstrar que também nas pequenas aldeias se podem realizar acções do género, bem como servir de montra a todos os artesãos da região interessados em divulgar a sua arte. Talvez por ter sido a primeira iniciativa do género , a afluência de público esteve um pouco aquém das expectativas, no entanto os que aparecerem mostraram-se bastante agradados com o que viram , chegando mesmo a haver inúmeras sugestões para novos eventos do género.



De realçar também , o facto de, na barraquinha de produtos da gastronomia tradicional (cavacas, filhós, biscoitos...), a oferta ter sido muito inferior á procura, facto que surpreendeu bastante os realizadores do evento.

Foram vários os pontos de interesse ao longo do dia. Dia esse que se iniciou bem cedo por volta das 6 da manhã altura em que se iniciou a caminhada matinal, que levou os participantes a percorrer um percurso entre Pêro Soares , Mizarela, Faia e de novo Pêro Soares.










Á chegada a Pêro Soares aguardava-os um merecido pequeno almoço, e no final do mesmo realizou-se a foto de grupo para mais tarde recordar.











No período da tarde e depois da indispensável missa dominical , seguiu-se o passeio pelas barraquinhas que encheram e deram novo colorido ao adro da igreja. Era variado o reportório oferecido pelos artesãos e aqui fica uma pequena mostra do que por lá se podia ver. Arte de todos os estilos e para todos os gostos. A prova viva que muito artista anónimo existe na nossa e em todas as zonas da região.






De realçar também o facto de um dos artesãos ter construído de propósito para o evento, e quase em tempo recorde, uma miniatura da igreja de Santa Marinha.







A tarde preencheu-se com a realização de um peddy-paper , que levou os participantes a percorrer vários cantos da aldeia de Pêro Soares , e que os obrigava a demonstrar os seus conhecimentos sobre a aldeia. Em seguida realizou-se uma pequena demonstração de jogos tradicionais. Actividade que como não podia deixar de ser , provocou bastantes gargalhadas e galvanizou o bom humor entre os presentes. Registe-se também a grande disponibilidade dos jovens da aldeia para a realização destas actividades, não obstante a idade ou sexo. Poderá dizer-se que tudo isto ajudou a uma tarde bem passada e a dar um pouco mais de cor á nossa aldeia.

Já no inicio da noite foi servido um jantar para todos os interessados , e tal momento serviu para completar um dia intenso , mas de salutar convívio e boa disposição. Para os mais resistentes seguiu-se ainda um baile abrilhantado por Pedro Dionísio, um teclista com origens na nossa aldeia, como não podia deixar de ser.








E já em fim de festa aqui ficam as fotos dos mordomos e da equipa que preparou e realizou este evento que apesar do enorme trabalho que exigiu acabou por deixar em todos a sensação de missão cumprida e de reconhecimento da parte de todos o que nela participaram.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

paraísos perdidos


O conceito de beleza será sempre sujeito a grande subjectividade. O que é belo para uns , pode não passar de irrelevante para outros. Enquanto uns reconhecem beleza num quadro de Van Gogh, outros poderão vê-la de igual forma numa simples rocha. Enquanto que para uns beleza apenas se encontra um resplandecente jardim urbano, para outros nada melhor que uma paisagem rural.
Eu pessoalmente, e como muitos outros, dou enorme valor ás paisagens mais inóspitas, aos locais quase desconhecidos, porque é aí que se encontra a verdadeira beleza. No seu mais puro e selvagem estado.
Por isso resolvi finalmente partir á aventura e descobrir em Pêro Soares as mais belas imagens. Sabia no meu interior que algo de fantástico iria descobrir. Mas devo confessar que não imaginava sequer aquilo que ia encontrar. O que verão a seguir é a documentação de uma memorável aventura que tão depressa não esquecerei. Apreciem as seguintes imagens e espero que gostem:


Antes de começarmos a descer , começamos por subir. Depois então começa a verdadeira aventura.


Depois de muito andarmos resolvemos fazer uma pausa na nossa aventura. a noite aproximava-se e era hora de regressar a casa. Olhando para trás era impressionante o caminho que tínhamos percorrido. Mas ficava também a promessa de um dia voltarmos e terminarmos o resto do percurso. Por enquanto aqui ficam as fantásticas imagens que pudemos ver bem de perto. Por certo muita gente não saberá que tal cenário existe na nossa aldeia. Mas a verdade é que existe . Isto e muito mais... Mas disso falaremos numa outra ocasião...

terça-feira, 14 de julho de 2009

Santa Marinha, Virgem e Mártir




A igreja de Santa Marinha é um dos maiores pólos de interesse existentes na nossa aldeia de Pêro Soares. Mais á frente tentaremos decifrar aqui alguns dos pormenores ou pormaiores de interesse que nela podemos encontrar. No entanto hoje, escrevo este texto para falar sobre a Santa Marinha , a padroeira da nossa igreja. As suas origens e história de vida. Houve na história muitas Santas homónimas denominadas Santa Marinha. E na verdade as lendas de umas e outras têm pontos convergentes, fazendo crer que na falta de lenda própria , muitos se tenham baseado na lenda de outras. No entanto, e através de documentos existentes na igreja de Pêro Soares , fica-se com uma ideia do que terá sido a vida de Santa Marinha, podendo no entanto, e como já expliquei, não ser bem assim.

Portanto , e segundo os tais documentos, Santa Marinha, de seu nome original Mariña nasceu perto de Orense (Espanha) , num local a que os antigos chamavam de Amphiloquia, e lá passou toda a sua infância e juventude. Era filha de Eclésio, sacerdote dos ídolos. Mariña e Liberata sua irmã, eram órfãs de mãe, e como tal foram entregues a uma ama que as instruiu na fé cristã e as fez baptizar.
Era , por essas alturas, tido como normal, existirem famílias que derramavam o sangue dos próprios filhos. E um exemplo disso, foi Eclésio, que quis matar as filhas por estas se recusarem a seguir a mesma religião do pai. Para escapar á morte , as duas irmãs fugiram , acabando por se dispersar. Marinha fugiu para Limia (perto de Orense), consagrando-se aí á oração e outros piedosos exercícios.
Aí , o representante do Império Romano em Orense, Olébrio, inimigo da religião cristã, conhecendo Marinha, ficou de tal forma preso á sua formosura , que quis forçar a sua fé e pureza.
No entanto Marinha foi , escapando ás mais intensas e bem organizadas investidas. Ao perguntar-lhe Olébrio, se era livre ou escrava, respondeu-lhe ela que era livre de corpo , mas sua alma escrava de Cristo.
Não desistiu o Governador e insistiu em levar Marinha a render veneração aos seus ídolos, servindo-se tanto de sedutoras promessas , como de terríveis ameaças. No entanto nenhumas das formas obteve resultados.
Enfurecido, por se sentir desobedecido e desprezado na sua autoridade e desejos, ordenou Olébrio que lhe rasgassem as carnes com garras de ferro. O espectáculo foi horroroso, ficando a jovem de ossos visíveis ao ponto de provocar compaixão ao próprio Olébrio que lhe disse:
- " Considera menina, cuida no que ordeno para não perderes a tua formosura na flor dos teus anos..."
No entanto ela respondeu-lhe firmemente:
- "Oh meu conselheiro! oh, fera insaciável! Ficai sabendo que os teus tormentos me servem de consolo, e que o teu poder mais não alcança do que a matéria do meu corpo; a minha alma está guardada pelo meu Senhor Jesus Cristo que a renova com o seu preciossícimo Sangue!"
Olébrio , furioso exclamou-lhe então:
- "Mais não perdoarei, nem terei piedade para com quem blasfema os nossos deuses e despreza quaiquer tormentos!"
E sem demoras ordenou que colocassem Marinha em lôbrego calaboiço, cuja escuridão foi de pronto iluminada por Deus, com admirável esplendor e para consolação da sua serva que afugentou com o sinal da Cruz um demónio que entretanto lhe apareceu sob a figura de um dragão.
No dia seguinte , Marinha voltou de ao tribunal, que a achou inflexível e ordenou que os verdugos lhe aplicassem brasas nas costas, tendo ainda ela chagas abertas dos martírios recentes. Foi também ordenado que fosse lançada ás águas do rio de pés e mãos atadas.
Porém, de todas as tormentas a libertou o Senhor, para grande espanto do gentio, que começou a proclamar a grandeza e poder do Deus dos cristãos capaz de levar uma pobre donzela a resistir ás ordens e prepotência do poderoso Governador.
Confuso , Olébrio , ao vencer que a jovem Marinha vencia todos os seus esforços, ordenou em desespero, que a degolassem. E foi por este meio que alcançou ela a palma do martírio, no dia 18 de Julho, com apenas 20 anos de vida.
O corpo venerável de Santa Marinha é objecto de culto na igreja com o seu nome , em local chamado de Águas Santas, a 2 léguas de Orense e onde se encontram vários objectos de sua paixão, como por exemplo o forno onde teria sido queimada com as brasas e a fonte onde teria sido degolada. Fonte essa , que segundo os locais possui águas , utilizadas em admiráveis curas. E é por isso grande a devoção que lhe têm os habitantes daquela província.
Santa Marinha , é também venerada por todo o restante mundo cristão , tendo sido erguidas em sua honra ínumeras igrejas e capelas, sobretudo na Galiza e Norte de Portugal. Entre elas está a igreja de Pêro Soares.
Curiosamente , também Liberata , de irmã de Marinha, seria martirizada, acabando por morrer crucificada no dia 20 de Janeiro do mesmo ano da morte da irmã. Sendo assim também ela Santa e alvo de grande devoção.
Admite-se que a devoção de Santa Marinha em Pêro Soares se deva a D.Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, provinda também ela da Galiza e devota da falada Santa.

Referir mais uma vez, que os vários dados que pesquisei, não são coincidentes por completo ,e chegando até a existir diferentes relatos da mesma história. No entanto, e devido ao devido documento, que se encontra na igreja de Pêro Soares, aceito esta como a versão verdadeira da história de vida de Santa Marinha.



segunda-feira, 6 de julho de 2009

Festa do emigrante, das artes e tradições

Irá realizar-se em Pero Soares, no próximo dia 2 de Agosto a "Festa do Emigrante, das Artes e Tradições". O evento será organizado pela Comissão de Festas de Nossa Senhora do Rosário e terá como principal intenção oferecer aos emigrantes da nossa aldeia a possibilidade de finalmente participarem e assistirem a uma festa na aldeia, já que a festa de Nossa Senhora do Rosário é a única festa anual em Pero Soares, e como se realiza habitualmente em Maio não permite a presença dos emigrantes , que apenas chegam nos meses de Verão.
É certo no entanto, que não estarão todos os emigrantes da aldeia presentes, mas a verdade é que era dificil encontrar uma data , em que a presença de todos fosse coincidente.
Para além disso esta festa servirá também para mostrar o artesanato local e regional e relembrar algumas tradições antigas.
A Comissão aceita todo o tipo de candidaturas de interessados em expor os seus produtos na festa.
De destacar também do programa da festa, temos uma caminhada pelos caminhos da aldeia e não só. A caminhada terá inicio de manhã bem cedo , fugindo ao calor de Agosto. Haverá três percursos distintos, podendo cada um escolher a distância que preferir.
Da parte da tarde haverá uma Missa, e depois o resto da tarde será preenchido com um Pedipaper, demonstração de jogos tradicionais e mais no fim da tarde terá inicio um baile abrilhantado por Pedro Dionisio, um artista com raizes na nossa aldeia.
Por fim destacar um jantar convivio para todos os interessados.
Para os interessados em participar em alguma destas actividades : caminhada, pedipaper, jantar ou exposições deverá contactar a Comissão de Festas pessoalmente ou então através do mail madeinperosoares@gmail ou telefone 965109604.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Actuação da Egitúnica

Encontrei no Youtube um vídeo sobre uma actuação da Egitúnica, a tuna feminina do Instituto Politécnico da Guarda, em Pero Soares. Esta actuação ocorreu durante a Festa em Honra de Nossa Senhora do Rosário de 2008. Aqui vos deixo o vídeo para relembrarem ou verem pela primeira vez este belo momento

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Dia do Corpo de Deus

Para muitos o dia do Corpo de Deus é dos mais importantes momentos religiosos , presentes no calendário nacional. Associado a este dia encontramos um certo número de tradições que pelos mais variados motivos começaram ao pouco a entrar em desuso. Entre essas tradições , destaque para o enfeite das ruas da freguesia com flores formando um belo tapete para a procissão, para as colchas penduradas nas janelas, e para o facto de o pároco sair á procissão debaixo do pálio e segurando nas mãos o "Corpo de Cristo". Em Pero Soares , tal como em muitas aldeias , muitas destas curiosidades estavam já esquecidas, no entanto este ano foi feito um esforço de as trazer de novo á vida.



Assim, com a ajuda de mais algumas pessoas , a comissão fabriqueira e mordomas da igreja procederam á recolha das flores e plantas e dia 11 de Junho bem cedinho iniciaram a árdua tarefa da decoração das ruas da aldeia. Tarefa árdua e demorada que sem o importante auxílio de alguns voluntários mais complicada seria. Fica desde já o apelo para que esta bela tradição se mantenha e que para o ano mais pessoas se prontifiquem a ajudar na hora da decoração das ruas . Muito mais fácil se tornará se todos ajudarem. Portanto o lema para o ano será "mais flores, mais mãos, ainda... mais bonito".



A complementar o efeito floral , surgiram de várias janelas inúmeras colchas de renda, de seda e de vários feitios e cores. Sem dúvida que o efeito final é apelativo e bonito acima de tudo.



Dizer ainda que a missa teve uma agradável participação mas acredito que mantendo o ritmo e as tradições , para o ano mais concorrida será a Eucaristia e a singular profissão que é sem sombra de dúvidas um momento marcante e o mais esperado do dia.



Deixo por fim mais algumas imagens e alguns vídeos do dia de hoje, mostrando que não só de festas profanas vive o homem e que também nos momentos religiosos se pode encontrar aquele encanto que nos reforça o gosto por viver na aldeia e em especial ... nesta aldeia.



Um obrigado a quem teve a ideia de retomar estas iniciativas e um obrigado também a quem ajudou a concebê-las.















A decoração estava presente em todas as ruas por onde passou a procissão.

Colchas de várias cores e feitios nas janelas das casas deram um outro efeito ao dia.