terça-feira, 14 de julho de 2009

Santa Marinha, Virgem e Mártir




A igreja de Santa Marinha é um dos maiores pólos de interesse existentes na nossa aldeia de Pêro Soares. Mais á frente tentaremos decifrar aqui alguns dos pormenores ou pormaiores de interesse que nela podemos encontrar. No entanto hoje, escrevo este texto para falar sobre a Santa Marinha , a padroeira da nossa igreja. As suas origens e história de vida. Houve na história muitas Santas homónimas denominadas Santa Marinha. E na verdade as lendas de umas e outras têm pontos convergentes, fazendo crer que na falta de lenda própria , muitos se tenham baseado na lenda de outras. No entanto, e através de documentos existentes na igreja de Pêro Soares , fica-se com uma ideia do que terá sido a vida de Santa Marinha, podendo no entanto, e como já expliquei, não ser bem assim.

Portanto , e segundo os tais documentos, Santa Marinha, de seu nome original Mariña nasceu perto de Orense (Espanha) , num local a que os antigos chamavam de Amphiloquia, e lá passou toda a sua infância e juventude. Era filha de Eclésio, sacerdote dos ídolos. Mariña e Liberata sua irmã, eram órfãs de mãe, e como tal foram entregues a uma ama que as instruiu na fé cristã e as fez baptizar.
Era , por essas alturas, tido como normal, existirem famílias que derramavam o sangue dos próprios filhos. E um exemplo disso, foi Eclésio, que quis matar as filhas por estas se recusarem a seguir a mesma religião do pai. Para escapar á morte , as duas irmãs fugiram , acabando por se dispersar. Marinha fugiu para Limia (perto de Orense), consagrando-se aí á oração e outros piedosos exercícios.
Aí , o representante do Império Romano em Orense, Olébrio, inimigo da religião cristã, conhecendo Marinha, ficou de tal forma preso á sua formosura , que quis forçar a sua fé e pureza.
No entanto Marinha foi , escapando ás mais intensas e bem organizadas investidas. Ao perguntar-lhe Olébrio, se era livre ou escrava, respondeu-lhe ela que era livre de corpo , mas sua alma escrava de Cristo.
Não desistiu o Governador e insistiu em levar Marinha a render veneração aos seus ídolos, servindo-se tanto de sedutoras promessas , como de terríveis ameaças. No entanto nenhumas das formas obteve resultados.
Enfurecido, por se sentir desobedecido e desprezado na sua autoridade e desejos, ordenou Olébrio que lhe rasgassem as carnes com garras de ferro. O espectáculo foi horroroso, ficando a jovem de ossos visíveis ao ponto de provocar compaixão ao próprio Olébrio que lhe disse:
- " Considera menina, cuida no que ordeno para não perderes a tua formosura na flor dos teus anos..."
No entanto ela respondeu-lhe firmemente:
- "Oh meu conselheiro! oh, fera insaciável! Ficai sabendo que os teus tormentos me servem de consolo, e que o teu poder mais não alcança do que a matéria do meu corpo; a minha alma está guardada pelo meu Senhor Jesus Cristo que a renova com o seu preciossícimo Sangue!"
Olébrio , furioso exclamou-lhe então:
- "Mais não perdoarei, nem terei piedade para com quem blasfema os nossos deuses e despreza quaiquer tormentos!"
E sem demoras ordenou que colocassem Marinha em lôbrego calaboiço, cuja escuridão foi de pronto iluminada por Deus, com admirável esplendor e para consolação da sua serva que afugentou com o sinal da Cruz um demónio que entretanto lhe apareceu sob a figura de um dragão.
No dia seguinte , Marinha voltou de ao tribunal, que a achou inflexível e ordenou que os verdugos lhe aplicassem brasas nas costas, tendo ainda ela chagas abertas dos martírios recentes. Foi também ordenado que fosse lançada ás águas do rio de pés e mãos atadas.
Porém, de todas as tormentas a libertou o Senhor, para grande espanto do gentio, que começou a proclamar a grandeza e poder do Deus dos cristãos capaz de levar uma pobre donzela a resistir ás ordens e prepotência do poderoso Governador.
Confuso , Olébrio , ao vencer que a jovem Marinha vencia todos os seus esforços, ordenou em desespero, que a degolassem. E foi por este meio que alcançou ela a palma do martírio, no dia 18 de Julho, com apenas 20 anos de vida.
O corpo venerável de Santa Marinha é objecto de culto na igreja com o seu nome , em local chamado de Águas Santas, a 2 léguas de Orense e onde se encontram vários objectos de sua paixão, como por exemplo o forno onde teria sido queimada com as brasas e a fonte onde teria sido degolada. Fonte essa , que segundo os locais possui águas , utilizadas em admiráveis curas. E é por isso grande a devoção que lhe têm os habitantes daquela província.
Santa Marinha , é também venerada por todo o restante mundo cristão , tendo sido erguidas em sua honra ínumeras igrejas e capelas, sobretudo na Galiza e Norte de Portugal. Entre elas está a igreja de Pêro Soares.
Curiosamente , também Liberata , de irmã de Marinha, seria martirizada, acabando por morrer crucificada no dia 20 de Janeiro do mesmo ano da morte da irmã. Sendo assim também ela Santa e alvo de grande devoção.
Admite-se que a devoção de Santa Marinha em Pêro Soares se deva a D.Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, provinda também ela da Galiza e devota da falada Santa.

Referir mais uma vez, que os vários dados que pesquisei, não são coincidentes por completo ,e chegando até a existir diferentes relatos da mesma história. No entanto, e devido ao devido documento, que se encontra na igreja de Pêro Soares, aceito esta como a versão verdadeira da história de vida de Santa Marinha.



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